sexta-feira, 27 de junho de 2014


A Saudade por vezes dói muito……
Mesmo que tentemos reviver os deliciosos momentos que ainda  tivemos  possibilidade de  partilhar, neste caso com o meu único irmão que, tão precocemente e de um acidente inexplicável  nos deixou, a  tristeza não se explica sente-se.


Estando sempre no meu coração, a sua presença faz-me muita falta ….e é neste Poema  de  “António Botto” , que  faz com que seja um momento  muito pessoal de o RECORDAR.

Passei o Dia Ouvindo o que o Mar dizia

Eu ontem passei o dia
Ouvindo o que o mar dizia.

Chorámos,rimos,cantámos.

Falou-me do seu destino,
Do seu fado…….

Depois, para se alegrar,
Ergueu-se , e bailando,  e rindo,
Poz-se  a cantar
Um canto molhádo e lindo.

O seu hálito perfuma,
E o seu perfume faz mal ?

Deserto de aguas sem fim

Ó  sepultura da minha raça
Quando me guardas a mim ?

Elle afastou-se calado;
Eu afastei-me mais triste,
Mais doente, mais cansado….

Ao longe o Sol na agonia
De rôxo as aguas tingia.

«Voz do mar, misteriosa
Voz do amor e da verdade!
-Ó voz moribunda e dôce
Da minha grande Saudade!

Então, tendo a dúvida por conselheira ,
Escalo montanhas de pressentimentos,
Voz amarga de quem fica.
Trémula voz de quem parte……

2 comentários:

  1. Lindo poema, aqui encontrei!
    de muito longe venho fugindo
    para as ondas do mar olhei
    pareciam que estavam sorrindo.

    Quando nelas mergulhei,
    o meu corpo por elas foi molhado
    a seguir sobre a toalha me deitei
    acordei na areia escaldado!

    Bom fim de semana, um abraço.
    Eduardo.

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  2. A saudade pode doer mais do que ferida em chaga.

    Porém, o tempo amansa as lágrimas.

    O poema não poderia ser melhor escolhido.

    É simplesmente magistral.

    Beijinhos e fica muito bem

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